quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pérolas de Bento XVI (I) - sobre o zelo de Jesus no Templo

Na obra "Jesus de Nazaré", um fato essencial para a compreensão da mesma é o significado da expulsão dos vendilhões do Templo, sua purificação e posterior destruição. Tudo isso porque Jesus é o novo Templo que é instaurado pelo Pai, onde se oferece o único e verdadeiro sacrifício. Houve, na Teologia e na Exegese quem O identificasse com um zelota, movimento cuja origem concreta remonta a Matatias, no tempo da invasão selêucida, de Antíoco Epífanes, quando instaurou um culto idolátrico em Jerusalém.



Assim, "o termo 'zelo' (em grego: zelos) foi a palavra mestra para exprimir a disponibilidade de se empenhar pela força em favor de Israel por meio da violência."

"Jesus deveria ser colocado nesta linha do zelos segundo a tese de Eisler e de Brandon, tese esta que, nos anos 60, suscitou uma vaga de teologias políticas e teologias da revolução. Agora, como prova central dessa teoria, apresenta-se a purificação do templo, que teria sido evidentemente um ato de violência, porque sem violência não seria possível realizar-se, embora os evangelistas tenham procurado escondê-lo. A própria saudação dirigida a Jesus como filho de Davi e instaurador do Reino de Davi teria sido um ato político e a sua crucifixão por obra dos Romanos sob a acusação de "rei dos judeus" demonstraria plenamente que Ele fora um revolucionário - um zelota - e como tal fora justificado."

"Entretanto, foi-se acalmando a vaga das teologias da revolução que, com base num Jesus interpretado como zelota, tinham procurado legitimar a violência como meio para instaurar um mundo melhor: o ' Reino'. Os terríveis resultados de uma violência por motivos religiosos encontram-se, de modo bem drástico, diante dos olhos de todos nós. A violência não instaura o Reino de Deus, o reino do humanismo; pelo contrário, é um instrumento religioso preferido pelo anticristo, por mais motivada que possa ser no plano religioso-idealista. Não aproveita ao humanismo, mas sim à desumanidade".

(...)

"No justo sofredor, a recordação dos discípulos reconheceu Jesus: o zelo pela casa de Deus leva-O à Paixão, à Cruz. Esta é a reviravolta fundamental que Jesus deu ao tema do zelo. Transformou no zelo da cruz o "zelo" que queria servir a Deus através da violência. E assim erigiu definitivamente o critério para o verdadeiro zelo: o zelo do amor que se dá. Segundo este zelo é que o cristão se deve orientar; está aqui a resposta autêntica à questão sobre o zelotismo de Jesus."

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