terça-feira, 28 de junho de 2011

O cristianismo: um passado que não os concerne

Caros amigos, ainda voltaremos ao tema do dogma, mas depois de ler este e este texto, parece-me oportuno transmiti-lhes o seguinte texto de Charles Péguy, pulicado na revista italiana "30 giorni", em seu nº 2, do ano 2000, página 29, mas escrito originalmente há cerca de cem anos e tão atual:

(De Véronique. Dialogue del'históire et de l'ame charnelle)

Aquilo que se quer dizer, aquilo que se está dizendo, aquilo que se deve constatar é que já há um outro mundo, um mundo novo e que este mundo moderno não é somente um mau mundo cristão, um mundo mau cristão, o que não seria nada, na aparência, mas um mundo não-cristão, descristianizado, absolutamente, literalmente, totalmente não-cristão. Isso é o que se quer dizer. Isso é o que se precisa dizer. Isso é o que se precisa ver. 

Se fosse somente a história, a velha história, se fossem somente os pecados que reaprisionaram uma outra vez, não seria nada, meu pequeno amigo, não seria nada: teríamos nos acostumado; estamos acostumados; o mundo nos acostumou. Seria no máximo um mau cristianismo, uma má cristandade, um mau século cristão, como muitos outros, depois de muitos outros. Houve muitos deles. Vimos muitos deles. Se se conhecesse bem a história, e todavia como a conheço eu, talvez se soubesse, saber-se-ia talvez que sempre foi assim, que todos os séculos, todos esses vinte séculos sempre foram, todos foram séculos de grande miséria cristã, de uma grande miséria mística, maus séculos cristãos, séculos maus cristãos, isto é, que o contingente dos santos talvez tenha sido sempre mísero, amiúde ínfimo defronte dos pecadores, respeito aos pecadores, em confronto ao contingente dos pecadores; e quando os santos triunfavam eternamente, raros santos, talvez, certamente, ao contrário, as massas, povos de pecadores, exerciam o seu trabalho, a sua tarefa, o pecado, massas, povos de pecadores dominavam temporalmente; enquanto os santos, raros santos salvavam a si mesmos (e talvez os outros) eternamente, cuidavam da sua salvação eterna e, talvez, da dos outros, dos pecadores, das massas incalculáveis desses outros, desse pecadores temporalmente perdidos e que se arriscavam perder-se. Era isso, desgraçadamente, infelizmente, o próprio regime. Eram exatamente estas as misérias cristãs. Era esta também a grandeza cristã.

Mas o que não é mais regime por nada, mais desgraçadamente, e mais do que infelizmente, o que não é mais a média, não é mais a norma, que é exatamente o desastre e a descristianização, é que as nossas misérias não são mais cristãs. A nossa mesma miséria não é mais uma miséria cristã. Eis a verdade. Eis o novo. Até quando as misérias, até quando a miséria era uma miséria cristã, até quando as baixezas eram cristãs, até quando os vícios causavam os pecados, até quando os crimes causavam as perdições, havia alguma coisa de bom, por assim dizer. 

Entendes bem, meu amigo, como digo isso, em que sentido?

Havia esperança; havia alguma coisa, havia como que naturalmente a matéria para a graça. Enquanto hoje, tudo é novo, tudo é diferente. Tudo é moderno. Eis aquilo que se precisa ver. Eis aquilo que se precisa dizer. Eis aquilo que não se pode negar. Tudo é não-cristão, perfeitamente descristianizado. Ai de mim, ai de mim, se desgraçadamente tudo não fosse senão mau cristão, poder-se-ia ainda ver, poder-se-ia discutir. Mas quando se fala da descristianização, quando se diz que há um mundo moderno, e que é perfeitamente descristianizado, totalmente não-cristão, quer se dizer exatamente que se renunciou a todo o sistema, no conjunto, que se move inteiramente fora do sistema, não se quer dizer nada mais que a renúncia de todos ao cristianismo e a constituição de um outro sistema, infinitamente outro, novo, livre, inteiramente, absolutamente independente.

Se houvesse só um mau cristianismo, ai de mim, meu amigo, ai de mim, meu jovem, não seria nada de novo, não seria por nada (além do mais), não seria por nada mais interessante. Tu entendes bem, meu pobre amigo, como eu o digo e em que sentido. Mas a coisa interessante, a coisa nova, é que não há absolutamente mais cristianismo. Essa é exatamente não somente a extensão, mas a natureza e assim como a espécie de um desastre. 

Quando os católicos estiverem dispostos a vê-lo, somente a medi-lo, a confessá-lo, quando estiverem dispostos a reconhecê-lo e a dar-se conta de onde vem, quando terão eles renunciado àquela fraqueza de diagnóstico, então, mas somente então, poderão fazer alguma coisa útil, então, mas somente então, não estarão mais inertes, eles mesmos uns deslocados. E falaremos disso, talvez se possa falar. Mas a coisa que não queremos reconhecer, a novidade é aquilo que é novo, aquilo que é interessante. Ai de mim, ai de mim, filho meu, tu sabes como eu o digo. 

É precisamente um mundo moderno, uma sociedade moderna (eu não digo absolutamente uma cidade moderna e, como diz a canção, amigo meu, e tu me entendes bem), este mundo, esta sociedade, este moderno constituído inteiramente exteriormente, inteiramente fora do cristianismo. Porque aqui não se trata mais de dificuldades internas, mas ao contrário, de uma exterioridade completa e todavia não de uma dificuldade externa, que seriam ainda de relações, de ligações, mas, ao contrário, de uma ausência completa de relações, de ligações, de ligaduras, e também, na realidade, de dificuldade, uma ausência muito particular, enfim, e extremamente inquietante, inquietante no nível máximo, uma independência mútua e recíproca, uma estranheza particular.

Vimos constituir-se ou fundar-se, instituir-se, viver, acomodar-se, estabelecer-se, funcionar, debaixo de nossos olhos, um mundo, uma sociedade, não digo absolutamente uma cidade, perfeitamente visível e inteiramente não-cristã. Precisa-se confessá-lo, precisa-se confessá-lo. Negá-lo é um problema. E como o mundo tinha visto, como eu tinha visto, eu, a história, mundos inteiros, humanidades, humanidades inteiras viver e prosperar antes de Jesus, assim vimos a dor de ver mundos inteiros, humanidades inteiras viver e prosperar depois de Jesus. Sem Jesus, umas e outras.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sobre a verdade do dogma - I

Há, aqui na Terra Brasilis, alguém que diga o seguinte:

“Dogmatismo vem da palavra grega dogma, que significa: uma opinião estabelecida por decreto e ensinada como uma doutrina, sem contestação. Por ser uma opinião decretada ou uma doutrina inquestionada, um dogma é tomado como uma verdade que não pode ser contestada nem criticada, como acontece, por exemplo, na nossa vida cotidiana, quando, diante de uma pergunta ou de uma dúvida que apresentamos, nos respondem: ‘É assim porque é assim e porque tem que ser assim”. O dogmatismo é uma atitude autoritária e submissa. Autoritária, porque não admite dúvida, contestação e crítica. Submissa, porque se curva às opiniões estabelecidas.’”

Profundo, não? Pois é... Assim é que os sociopatas de plantão conseguem estabelecer suas agendas e o estão fazendo de modo agressivo sobre a sociedade brasileira, matriciada no cristianismo, ainda, hoje, que nas formas católica e protestante, predominantemente. Não posso esquecer dos irmãos ortodoxos orientais, a quem também é dedicado este post, mas sua radicação no Brasil vem de uma etapa posterior da História.

Mas a autora das palavras em "Arial", acima, no 2º parágrafo é, nada mais, nada menos do que Marilena Chauí. Para se ter uma idéia, a professora da USP, nas últimas eleições, teve um papel, digamos, coerente com o supradito. Se quiser confirmar, leia aqui.

Nessas horas, entendemos o que a dita senhora quer dizer com aquilo. É necessário (...) desfazer essa lógica autoritária e submissa, para estabelecer (...) uma outra lógica autoritária e submissa. No universo da autora, provavelmente a lógica marxista, como era de se esperar; o marxismo sempre age assim. Intimidando a autoridade legítima para legitimar a sua autoridade, (...) e a de sua cultura conseqüente (pode deixar o trema).

Num universo mais abrangente, usando um conceito marxista, quando não se o abraça ou se o conhece, apenas se abrem portas para o relativismo, tão comentado e criticado pelo Papa Bento XVI. Para isso, basta ver três posts abaixo e outros textos dele. Pois bem, a conseqüência é o desastre social que vemos no nosso país e mundo afora.

A definição da ilustre professora é rasa e simplória. A própria palavra dogma tem um desenvolvimento histórico e uma raiz importantíssima. Para isso, recorro a Karen Armstrong, em seu livro "Uma História de Deus", publicado aqui no Brasil pela Companhia das Letras em 1994 e reimpresso algumas vezes até a década passada. O livro não é uma unanimidade, até porque ela tenta lançar um olhar sobre possíveis paralelos e pontos de convergência e divergência entre as três religiões monoteístas. Ao falar do desenvolvimento do dogma cristão, há um parágrafo extremamente radicado no seu habitat natural: a contemplação de realidades que não passam. Ei-lo, pois:

"Três destacados teólogos da Capadócia, na Turquia oriental, acabaram apresentando uma solução que satisfez a Igreja ortodoxa oriental. Eram Basílio, bispo de Cesaréia (c. 329-379), seu irmão caçula Gregório, bispo de Nissa (335-395), e seu amigo Gregório de Nazianzo (329-391). Os capadócios, como são chamados, eram homens profundamente espirituais. Apreciavam muito da especulação e da filosofia, mas estavam convencidos de que só a experiência religiosa podia oferecer a chave para o problema de Deus. Formados em filosofia grega, todos  tinham consciência de uma diferença crucial entre o conteúdo factual da verdade e seus aspectos mais fugidios. Os primeiros racionalistas gregos haviam chamado a atenção para isso: Platão contrastara a filosofia (expressa em termos de razão e portanto capaz de prova) com o ensinamento igualmente importante oferecido pela mitologia, que escapava à demonstração científica. Vimos que Aristóteles fizera uma distinção semelhante quando observara que as pessoas iam às religiões de mistério não para aprender (mathein) alguma coisa, mas para experimentar (pathein) alguma coisa. Basílio expressou a mesma intuição num sentido cristão quando distinguiu entre dogma e kerygma. Os dois tipos de ensinamento cristão eram essenciais para a religião. Kerygma era o ensinamento público da Igreja, baseado nas Escrituras. Dogma, porém, representava o sentido mais profundo da verdade bíblica, que só podia ser apreendido pela experiência religiosa e expresso de forma simbólica".

Dada a importância do tema, voltaremos outrora a ele. Fique claro, não obstante, o seguinte: a autoridade do dogma surge de sua profunda radicação no Mistério; expressa-se de formas apreensíveis pelos nossos sentidos, mas aponta e estende suas copas para além do tangível e do sensível.

Ainda contaremos com São Basílio Magno e São Gregório de Nissa para aprofundar no tema.

O Mistério da Santíssima Trindade

No último Domingo, já situados no Tempo Comum, celebramos a Festa da Santíssima Trindade. Reportar-me-ei aos comentários de excelente nível de D. Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju, aqui.

É interessante conhecer ainda o Credo Atanasiano, que apesar da densa e técnica linguagem surge da contemplação do Mistério. Assim são os dogmas, mas volto a esse tema logo após:


Todo aquele (= Quicumque) que quiser salvar-se, antes de tudo é necessário que mantenha a fé católica; e quem não a guardar íntegra e inviolada sem dúvida perecerá para sempre.
Ora bem, a fé católica é essa: que veneremos a um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade; sem confundir as pessoas nem separar a substância. Porque uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho e outra (também) a do Espírito Santo; porém, o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm uma só divindade, glória igual e coeterna majestade. Qual o Pai, tal o Filho e tal (também) o Espírito Santo; incriado o Pai, incriado o Filho e incriado (também) o Espírito Santo; imenso o Pai, imenso o Filho, imenso (também) o Espírito Santo. E não obstante, não são três eternos, senão um só eterno, como não são três incriados, nem três imensos, senão um só eterno, e um só imenso. Igualmente, onipotente o Pai, onipotente o Filho, onipotente (também) o Espírito Santo. E no entanto não são três onipotentes, senão um só onipotente.
Assim Deus é Pai, Deus é Filho, Deus é (também) Espírito Santo; e, no entanto, não são três deuses, senão um só Deus. Assim, Senhor é o Pai, Senhor é o Filho, Senhor é (também) o Espírito Santo; e, no entanto, não são três Senhores, senão um só Senhor: porque assim como pela verdade cristã somos compelidos a confessar como Deus e Senhor a cada pessoa em particular, assim a religião católica nos proíbe dizer três deuses e senhores. O Pai por ninguém foi feito nem criado nem engendrado. O Filho foi somente pelo Pai, não feito nem criado, mas engendrado. O Espírito Santo, do Pai e do Filho, não foi feito nem criado nem engendrado senão que procede.
Há, consequenemente, um só Pai, não três pais; um só Filho, não três filhos; um só Espírito Santo, não três espíritos santos; e nesta Trindade nada é antes nem depois, nada maior ou menor, senão que as três pessoas são entre si co-eternas e co-iguais, de sorte que, como antes se disse, por tudo deve-se venerar tanto a unidade na, Trindade quanto a Trindade na unidade.
Quem quiser, pois, salvar-se assim deve pensar da Trindade.


Este não é só fruto de especulação, mas da piedade e da transmissão da fé apostólica. No post seguinte, vamos entrar na questão do dogma. Até lá!!!

Estreita é a porta

As palavras do Papa em San Marino, postadas logo abaixo fazem eco às palavras de Jesus no Evangelho de hoje: 

"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!"

Orígenes, no século III, as comenta numa homilia sobre o Êxodo:

"Vejamos o que Deus disse a Moisés, que ordem lhe deu sobre o caminho a escolher [...]. Pensavas talvez que o caminho que Deus mostra é um caminho fácil, que não tem absolutamente nada de difícil ou de penoso; pelo contrário, trata-se de uma subida, e bem tortuosa. Porque esse caminho por onde chegamos às virtudes não é um caminho a descer, mas a subir, e é uma subida íngreme e difícil. Escuta ainda o Senhor no Evangelho: «Quão apertado é o caminho que conduz à vida!» Vês, portanto, como o Evangelho está em harmonia com a Lei. [...] Na verdade, até os cegos conseguem vê-lo claramente: um só Espírito escreveu a Lei e o Evangelho."

"O caminho por onde vamos é portanto uma tortuosa subida [...]; os actos e a fé comportam muitas dificuldades, muitas tribulações. Pois são imensas as tentações e os obstáculos que se opõem àqueles que querem agir segundo Deus. Depois, na fé, encontramos muitas coisas tortuosas, muitos pontos de discussão, muitas objecções heréticas. [...] Escuta o que disse o Faraó ao ver o caminho que Moisés e os israelitas tinham tomado: «Andam perdidos na terra.» (Ex 14,3). Para o Faraó, aqueles que seguem a Deus perdem-se. É que, como dissemos, o caminho da sabedoria é tortuoso, com muitas curvas, muitos desvios. Assim, confessar que há um Deus único, e afirmar na mesma confissão que o Pai, o Filho e o Santo Espírito são um só Deus, quão tortuoso, quão difícil e inextricável parecerá aos infiéis! Acrescentar ainda que «o Senhor da glória» foi crucificado (1 Cor 2,8), e que Ele é o Filho do homem «que desceu do Céu» (Jo 3,13), quão tortuoso e difícil parecerá, também! Quem sem fé isto ouve, dirá: «Andam perdidos na terra». Mas tu, sê firme, não ponhas em dúvida uma tal fé, sabendo que Deus te mostra esse caminho da fé.
"

Do Papa Bento XVI aos jovens, em San Marino

Saiu ontem em ZENIT, um extrato do discurso de Bento XVI aos jovens da República de San Marino, que visitou no último fim de semana:

Bento XVI convidou os jovens da diocese de San Marino-Montefeltro a construir um mundo mais justo e solidário, deixando-se iluminar pelo mistério de Cristo, sem ceder a lógicas individualistas e egoístas.
Depois de uma jornada de visitas, celebrações e encontros em diversas localidades de San Marino, o Papa chegou neste domingo à tarde à pequena localidade de Pennabili, onde teve um encontro com jovens na praça da catedral.


“Não temais enfrentar as situações difíceis, os momentos de crise, as provas da vida, porque o Senhor vos acompanha, está convosco”, afirmou o Pontífice.


Incentivou os jovens a crescerem na amizade com Cristo “através da leitura frequente do Evangelho e de toda a Sagrada Escritura, da participação fiel na Eucaristia como encontro pessoal com Cristo, do compromisso dentro da comunidade eclesial, do caminho com um diretor espiritual válido”.


“Deixai que o mistério de Cristo ilumine toda a vossa pessoa! - convidou. Então podereis levar aos diversos ambientes essa novidade que pode transformar as relações, as instituições, as estruturas, para construir um mundo mais justo e solidário, incentivado pela busca do bem comum.”


“Não cedais a lógicas individualistas e egoístas!”, insistiu, recomendando o testemunho de jovens santos, como Santa Teresa do Menino Jesus, São Domingos Sávio, Santa Maria Goretti, o Beato Pier Giorgio Frassati e o Beato Alberto Marvelli, originário da região.


Busca da verdade


Diante dos milhares de jovens presentes, Bento XVI também se referiu ao sentido da vida, recordando a pergunta do jovem rico do Evangelho: “Bom Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” (Mc 10, 17).


O homem não pode viver sem esta busca da verdade sobre si mesmo – o que sou, para que devo viver –, verdade que conduz a abrir o horizonte e ir mais além do material”, explicou o Papa.


Com força, Bento XVI incentivou os jovens a não ter medo de refletir sobre “as perguntas fundamentais sobre o sentido e o valor da vida”.


Não vos detenhais nas respostas parciais, imediatas, certamente mais fáceis no momento e mais cômodas, que podem dar algum momento de felicidade, de exaltação, de ebriedade, mas que não oferecem a verdadeira alegria de viver”, afirmou.


E os convidou a aprender “a refletir, a ler de maneira não superficial, mas em profundidade vossa experiência humana”.


“Descobrireis, com surpresa e alegria, que vosso coração é uma janela aberta ao infinito! Esta é a grandeza do homem e também sua dificuldade.”


O Papa também alertou contra a ilusão de acreditar que o progresso técnico-científico pode proporcionar de maneira absoluta respostas e soluções para todos os problemas da humanidade.


“Na verdade, ainda que isso fosse possível, nada nem ninguém teria podido apagar as perguntas mais profundas sobre o significado da vida e da morte, sobre o significado do sofrimento, de tudo, porque estas perguntas estão inscritas na alma humana, em nosso coração, e superam a esfera das necessidades”, indicou.

“O homem, também na era do progresso científico e tecnológico – que nos ofereceu tanto –, continua sendo um ser que deseja mais, mais que a comodidade e o bem-estar; continua sendo um ser aberto à verdade inteira da existência, que não pode deter-se nas coisas materiais, mas que se abre a um horizonte muito mais amplo.”


O risco é sempre o de permanecer prisioneiros no mundo das coisas, do imediato, do relativo, do útil, perdendo a sensibilidade para o que se refere à nossa dimensão espiritual”, destacou.


Sem desprezar o uso da razão nem rejeitar o progresso científico, segundo Bento XVI, trata-se de “compreender que cada um de nós não está feito somente de uma dimensão 'horizontal', mas que compreende também a 'vertical'”.


E acrescentou: “Os dados científicos e os instrumentos tecnológicos não podem substituir o mundo da vida, os horizontes do significado e da liberdade, a riqueza das relações de amizade e de amor”.

Comentário meu: para o mundo, loucura; para os que crêem, salvação!

sábado, 18 de junho de 2011

Nota de esclarecimento

As turbas estão alvoroçadas. Fiquem muito claras as posições abaixo. Baste isso. Este blog não tem objetivo de discutir homossexualismo e correlatos, a menos que me interesse, por motivos maiores. Que os praticantes e simpatizantes saibam conviver com suas alegrias e dificuldades, assim como eu faço com as minhas. Tenham certeza de que penso que  a vida dos homossexuais e suas questões práticas precisam ser respeitadas, e mesmo é importante se encontrar mecanismos de garantir suas decisões na vida e depois desta vida, porém não se modificando a forceps o conceito da estrutura famíliar. Registro meu respeito aos homossexuais como pessoas. Meu repúdio vai às políticas que, em nome de uma ideologia esquerdopata, querem enfiar goela abaixo um modelo social que os torna seres acima dos demais. Talvez isso não seja culpa da maioria dos homossexuais, mas isso existe e combaterei nesse sentido.

Porém, não tenho solução para tudo e não sou eu quem vou resolver seus problemas. Por isso, não depositem ansiedade nisso.

Finda aqui a discussão. Aqui entra quem eu quero. Comentários que alimentem mal-entendidos serão excluídos sem mais.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Querem saber meu time... Eu, hein?

Fiquei surpreso com um comentário que recebi há pouco, relativo aos dois textos sobre homossexualidade. O interessante é que o cidadão prefere permanecer no anonimato. Direito dele. Isso pouco me importa! Pensei em não publicar, para não gerar certas polêmicas, mas acho que o cidadão precisa de uma boa resposta. Ele permanecerá no anonimato, como preferem os covardes, mas já que dei minha cara a tapa, ele deu sua palavra ao público. Lá vai:

"Me desculpe, o Senhor introduz em seu texto muitos assuntos que não forma (foram?) aprofundados. Peço o Senhor se ater ao que realmente pensa sobre a homossexualidade enquanto tal."

Pois não, sr. anônimo, vou fazer o sr. ler de novo o que leu antes: "o fenômeno da homossexualidade acontece unicamente dentro de uma sexualidade globalmente doente, o que também vale para certa heterossexualidade em questão". Anônimo você é, como as turbas, mas não deve ser cego, embora não tenha notado o que leu. Estou lidando com um tema que aponta para uma sociedade doente no que tange à sexualidade. Quando uso o termo doença, não estou me referindo a um fenômeno que tem CID ou que seja reconhecido pela OMS. Estou me referindo a paixões não reconciliadas, no fundo, a um mal cuja raiz é comum a todo ser humano. No texto de ontem, disse que a "questão [da homossexualidade] remete-nos ao drama último de ser humano, como tantas outras questões nossas".  Se o sr. quer que eu seja muito claro, não vou perder tempo, remete-nos ao pecado original, a uma desordem no que tange à natureza dos seres. Mas com relação a esse tema, voltamos mais adiante. Penso, curto e grosso, que a homossexualidade é uma manifestação da patologia sexual hodierna da humanidade, o que não se restringe, é claro, à mesma. Isso sempre existiu, mas de modo inaudito, hoje existe uma propaganda de que isso pode ser um modelo de sociedade, de família e de outras realidades. Sendo assim, a pedofilia, a rapina e o uso de drogas pode ser justificável.

Adiante...

"Caso contrário, o seu texto se torna fugidio, simplista sobre a questão e dogmático. Não está aberto a nenhum tipo de discussão, uma espécie de falácia lógica, onde o debate já está ganho por sua parte. Nesse sentido, o Senhor é mais Nazista e Xiita que possa parecer."

Até aceito que me dêem o qualificativo de dogmático. Infelizmente, o cidadão não sabe o que isso significa. Nem vou gastar meu tempo explicando a ele do que se trata. Mostro apenas que ser dogmático não me fecha à discussão. No texto publicado em abril, usei o pouco do que consegui apreender sobre metafísica. O problema é que o cidadão, ou não sabe o que é isso, ou tem horror a isso. E é comum encontrar hoje em dia tudo quanto é tipo de abordagem niilista, maquiavélica, até cientificista (volto também a esse ponto, já, já), mas considera ultrapassada a linguagem metafísica. Por que será? Se a metafísica tivesse ido só até Aristóteles, talvez fosse palatável às turbas dos "anônimos", mas como o Ocidente conheceu uma metafísica muito mais aprofundada por um santo que imbuiu toda a sua especulação metafísica de piedade e toda a sua piedade de metafísica, Santo Tomás de Aquino, o pessoal, voluntária ou involuntariamente, rejeita essa possibilidade. Não é a única (aproveite, Sr. Anônimo, para ler uma citação de Emanuel Lévinas no mesmo texto postado em abril), mas é uma forma filosófica de enxergar o homem aberto para uma Realidade que é maior do que ele, que pode habitar nele e lhe contém. Ainda bem que metafísica voltará a ser obrigatório e extensivo nos seminários católicos.

O cidadão diz que sou fugidio. Por quê? Só porque não me centrei na questão da homossexualidade? Sei lá o que esse povo pensa. Deveria? A verdade é que não tenho obrigação nenhuma de fazê-lo, até porque não é uma questão isolada. Ou será que o anônimo quer fazer patrulhamento ideológico? Se for isso, tenho ainda mais razões de assemelhá-lo aos jihadistas ou aos nazis. 

Agora, vem a apelação:

"Abra-se ao diálogo, talvez isso lhe irá fazer um pouco de benefício e lhe permitiria colocar em prática sua caridade cristã ou ouvir a posição do outro."

O que é que sir anonimous pensa sobre a caridade? Pensa que caridade é ser bonzinho, ser ilimitadamente pacífico, não poder fazer nenhuma afirmação mais aguda, ou mesmo colocá-lo em questão, pelo fato de eu não parecer claro a ele? Se não fui claro, meu querido, por outro lado, incomodei bastante ao menos a ... você. Faço-lhe a pergunta: "se fiz mal, dize-me em quê; mas, senão, por que me bates?" Ah! Ia esquecendo que ele fala que eu não tenho caridade cristã. Olha, Lord Anonimous, até hoje não entrei em templo nenhum virando mesas de cambistas e expulsando quem quer que fosse... pelo menos ainda, nem mesmo dirigi pessoalmente meu olhar a alguém e chamei-o de Satanás, como Jesus fez com Pedro. Mas já que você queria falar em falácia, ei-la em sua apelação.

Mas, o lord concorda em algo comigo. Vejamos:

"Quanto a questão da sexualidade doentia, concordo em número, gênero e caso, porém o Senhor se esquece de colocar uma outra premissa no começo do texto, de que as ciências naturais e não a teologica, a que o Senhor se apega, não considera o homossexulismo como doença."

Bem, já comentei o que a palavra doença se refere. Quero apenas fazer uma breve nota sobre a questão das ciências naturais, com as quais tenho muita afinidade. Elas não têm um consenso acerca da homossexualidade. É uma prática tão antiga quanto a humanidade, mas ainda incompreensível a partir de certos graus de intelecção. Ora aparecem periódicos que afirmam ser uma tendência adquirida na formação do caráter, outros afirmam ter uma íntima ligação com a relação com os pais, outros ainda mostraram a presença de comportamentos cerebrais intrínsecos do sexo oposto... Enfim, não há consenso. Permanece apenas o aprofundamento filosófico, o respeito à dignidade dos que têm a homossexualidade enraizada em si de tal forma a não ser capaz de se desligar desse fato, a continuidade dos estudos científicos e o juízo de Deus sobre cada um. Assim, no que tange às ciências naturais, não tenho a que me apegar. Apresente-me uma análise a que possa me apegar sem que esteja impregnada de ideologias revolucionárias. Se me apresentar, pensarei no seu caso; se não, convenço-me de que me chamar de nazista e xiita foi apenas uma projeção que lord anonimous fez de si sobre mim.

Mas olha bem: como você concorda comigo se "defende" que homossexualismo não faz parte das chagas da sexualidade hodierna? Ou será que as chagas, para V. Sa., são apenas aquelas relacionadas à heterossexualidade. Aí, temos um problema real. V. Sa. também acha, como alguns iluminados, que a heterossexualidade deve ser posta em questão?

Lá vem mais apelação:
"Isso faz do Senhor um retrógrado e enfiado em uma esfera completamente alienada, no dizer bem marxista, a que o Senhor debocha e se alude.

Parece que começo a identificar o cidadão. É chegado num marxismo. De Marx? De Gramsci? De Marcusen? O que há de mais retrógrado do que o regime marxista de Mao Tsé-Tung e seus sucessores? Na China, manifestações de homossexualidade são proibidas, assim como seguir o Papa. Mas o camarada me chama de alienado. Olha, camarada, desse discurso eu não tenho medo. Se é para atirar pedra, vamos deixar de falso pacifismo. Debocho, sim. Marxista é chegado a dizer que a história acabou e ora começou uma outra da qual ele é autor. Estou vendo isso o tempo todo acontecer no Brasil desses últimos anos. Será que é difícil aprender com a história de outras nações? Quem é alienado aqui?

"No fundo, eu ainda não entendi que time o Senhor torce, seja na sexualidade, seja na política e na própria religião.

E pra que o sr. quer entender? Quer me seguir? Quer me patrulhar? Quer me condenar? Torço para o São Paulo Futebol Clube. E, quer saber? Na verdade, essa sua frase me enche de santo orgulho. Era o que diziam do Bv. Papa João Paulo II, quando diziam ser ele progressista do ponto de vista social e retrórgrado do ponto de vista social. Mas não estou nem aos pés da santidade dele. Valeu, anônimo!!! Se você reza, peça para que o exemplo de um santo como ele me venha em socorro. Também tenho minhas debilidades, assim como você.

E falando no Papa, agora o meu admirador secreto mete o pé na jaca:

"Eu acredito que o Senhor conheça o Catecismo da Igreja Católica... não é mesmo. Nem o Papa foi tão ridículo quanto o Senhor. Dê uma lida sobre a questão do homossexualismo."

É, como eu desconfiava, se o Papa foi em alguma medida ridículo, realmente estou no caminho certo, ao ver que sou chamado de mais ridículo do que ele. Mas vamos ver a que ridículo o iluminado se expõe nesse expediente: o doutrinal.

Catecismo da Igreja Católica (2357-2359):

2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
2359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.


Preciso ir mais adiante? O item 2357 é mais cortante, incisivo e pragmático do que aquilo que afirmei no texto publicado em abril. Os itens seguintes dão razão ao restante do texto que escrevi. Se você quiser saber, o que penso da homossexualidade não se afasta um milímetro do que aí está. Que falei naquele texto? De educar a liberdade interior, de razão e corpo obedecerem a uma instância mais ampla. Heterossexuais têm a mesma lição de casa, porém com suas especifidades (mutatis mutandis). Essa instância só nos fala na dinâmica da fé. Essa instância é Deus, no modo pelo qual se manifestou: Cristo. Lembre-se: Ele levantou o sarrafo no Templo, amaldiçoou uma figueira e chamou a Pedro de Satanás.

Camarada iluminado, tem ainda o Papa Bento XVI, falando em entrevista a Peter Seewald, no livro Luz do Mundo, publicado no final do ano passado. É sempre uma alegria a oportunidade de pôr um texto de Bento XVI (esse sim um intelectual, não eu, como o sr. diz abaixo - não tenho essa pretensão). E o entrevistador cita exatamente os artigos supracitados 2358 e 2357, nessa ordem. E pergunta: "não haveria aqui uma certa contradição com o respeito acima referido relativamente aos homossexuais?"
Como é bom ter a palavra de Bento XVI. Segue abaixo:

"Não. A primeira coisa é que são pessoas com seus problemas e alegrias, e que merecem respeito como seres humanos, mesmo que tenham em si essa tendência, e não devem ser injustamente excluídas por isso. O respeito pelo ser humano é fundamental e crucial."

"Mas isso é diferente do significado profundo da sexualidade. Poderíamos dizer, se nos quisermos expressar desse modo, que a evolução produziu a sexualidade com a finalidade de reprodução da espécie. Isso também é válido teologicamente. O sentido da sexualidade é o de orientar o homem e a mulher um para o outro e, assim, dar à humanidade descendência, crenças, futuro. Esta é a determinação intrínseca à sua natureza. Todo o resto é contra o sentido profundo da sexualidade. Temos de ser fiéis, mesmo que não seja do agrado do nosso tempo."

"Trata-se da verdade interior sobre o que a sexualidade significa na estrutura do ser humano. Se alguém tem tendências homossexuais profundas (até agora, não se sabe se são de fato congênitas ou se surgem durante a primeira infância), se, em qualquer caso, elas têm poder nessa pessoa, então ela está sujeita a uma grande provação, tal como no caso de outras provações que podem pesar sobre uma pessoa. Mas isso não significa que a homossexualidade se torne, por isso, moralmente correta - ela continua a ser algo que vai contra a essência inicialmente desejada por Deus."

Bem, cada um faça sua reflexão sobre o que diz o Papa (ou os Papas) que o cidadão afirma ser ridículo. Para mim palavras como essas bastam para me deixar com a consciência em paz depois de ler as últimas palavras do cidadão anônimo:


"Infelizmente, intelectuais como o senhor, fere o livre pensamento e o debate proficuo, condenando toda a humanidade a uma prisão raci(o)nal fincada não na Sagrada Escritura, mas na tradição puramente puritana e sectarista. Acho melhor o Senhor fazer como Lefevre, por favor, nos faça um favor: Funda uma Igreja igualzinha a dele. Talvez o Senhor consiga ser mais feliz!"

Obrigado por me chamar de intelectual ainda que com mesclas de fel. Não acho que me aproximo nem do intelectual nem desse fel que é todo seu. O modo como abordei a homossexualidade em abril era uma forma de amplificar a visão sobre a sexualidade em geral, especialmente em nossos tempos. Isso o Papa também o faz na entrevista. O Catecismo também o faz. Nesse ínterim, por estar bem entrosado com o ensinamento dos Santos Padres, resta-me dizer que não preciso de uma seita como a de Lefèbvre. Tenho a meu lado o Magistério Apostólico, a Sagrada Escritura, e contra mim nada definitivo em termos de ciência; apenas de ideologia esquerdopata. E isso não me envergonha.

Se lhe interessa, você pode fundar uma seita parecida com a de Leonardo Boff. Lá, segundo ele, seus textos  e seus séquitos, podemos ser felizes já e não precisamos lembrar de realidades eternas.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eles se parecem demais

Meus caros, a paz que Cristo nos deu não pertence a este mundo. Já tive a oportunidade de lembrar outrora a palavra de Cristo: "Eu não vim trazer a paz; vim trazer a guerra". Os cantos postados logo abaixo nos trazem "uma paz", não é? Pois bem, eles são a modos de fazer memorial da Paz de Cristo, mas nossos tempos são de guerra. Duvidam? Querem ver? Convido primeiramente a visitar este link

Isso é o que acontece do lado de cá do Meridiano de Greenwich; do lado de lá, eis a obra: aqui.

Já pude esclarecer o que penso da homossexualidade, cuja questão remete-nos ao drama último de ser humano, como tantas outras questões nossas. Isso deve levar ao respeito. Já escrevi a respeito aqui. Quanto à militância gay, da parte de seus elementos, não parece haver mais compromissos com a questão fundamental da homossexualidade do que com o lobby de certas ONG's e com a política de desconstrução da história em nosso país. É uma mistura de esquerdopatia, doença que, no Brasil, teve como ninho muitas paróquias (que desastre! - já dizia o Apóstolo São João que o Anticristo saria dentre os nossos) e as universidades. E a coisa vai mais longe do que a militância gayzista (gay + nazista): desconstrução da língua portuguesa, refúgio a criminosos, apologia ao uso de drogas, doutrinação e patrulhamento ideológico da imprensa, ecologismo barato e, como não podia deixar de ser, a dissolução da estrutura familiar. Que esperança dá esse país hoje a seus filhos? Entre as sandices do gayzismo está a antiquada atitude de queimar bíblias...

Enquanto isso, ao passo que respeito muito os muçulmanos (já pude escrever um texto a respeito; D. Henrique Soares publicou-o em seu blog: aqui e aqui.), guardiães de um patrimônio religioso, artístico, científico e cultural riquíssimo, os militantes islâmicos da Jamiat Ulema-e-Islam, no Paquistão denominam nossos livros sagrados de pornográficos e blasfemos. Dá para entender?

Começo a desconfiar que os gayzistas e os "ativistas" islâmicos, por mais que se odeiem, têm mais em comum do que um simples mortal, o que os inclui, pode imaginar. Eles são bem parecidos; suas idéias, suas atitudes provêm da mesma escória e não diferem muito dos nazistas e comunistas de outrora. Não é só a militância e a intolerância. Decretam o fim da história e querem ser autores de outra por decreto. Eles têm um inimigo comum, que lhes desperta ódio e lhes atrapalha os planos: os cristãos. E querem saber? O inimigo número 1 é a Igreja Católica Apostólica Romana. Eis a guerra!

Nem aqui, nem no Oriente. Parece que cada vez mais, aproxima-se um tempo de exílio, de capitulações e mesmo de martírio, o que já ac ontece de diversas formas aqui e acolá. A palavra que me veio ao coração, pelo desgosto que essas notícias me trazem é a que Jesus dirige aos Apóstolos na Última Ceia:

"Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes de vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia" (Jo 15,18). João ainda diz: "Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve. Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro" (1Jo 4,5-6).

No início das atividades deste blog, disse que não seria politicamente correto. E há de se entender porquê: em Cristo, que assumiu nossa carne mortal, é impossível dissociar corpo, alma e espírito. O homem, aliança de realidades que transcendem o que parece ser, é uma flecha apontada para o que essas realidades significam. Assim, tudo que lhe diz respeito, o que inclui a política (por exemplo, aqui), a ciência (por exemplo, aqui), a arte, a economia e outras dimensões de sua história, não é alheio a Deus. Espero, meus caros, que este espaço também seja  de despertar a consciência para o quanto valemos de verdade. Valemos uma Aliança de amor infinito.

Queria dizer ainda uma palavra bem objetiva, neste momento, aos leitores: pais, não renunciem o papel de custódia que receberam, não se deixem enganar pelas mistificações de certos psicologismos, sexualismos, pedagogismos e ecologismos. Seus filhos são valiosos demais para que sejam levados por essas vaidades. Vigiem as escolas, as companhias, os espaços públicos onde seus filhos vão. Acima de tudo, tenham sempre um diálogo franco, sem medo, despertando confiança e amor em seus filhos. Que eles enxerguem de maneira clara qual o papel do pai, da mãe e dos irmãos numa família, naquela família que ele pode livremente chamar de sua. Pois é aí que o homem é inserido no seio da história e ele mesmo se torna história.

Aos mais jovens, diria que procurassem os valores mais profundos, mais honestos, mais sérios para que assim os assumissem como projeto de vida. O grande mal desta geração perversa é assumir a impiedade como projeto de vida. Vejam bem: a impiedade está aí, e quantos de nós também não pecamos, não é? Mas, ... é aí que está o verdadeiro combate. Mas em nome de uma "certa paz", declaram guerra à verdade, à piedade, à fé e ao amor autênticos. E eis o que é de deixar-nos perplexos é a afronta da impiedade contra qualquer projeto de vida que eleve o homem às suas mais altas faculdades; muito pelo contrário, apontam o homem para a sua mais profunda baixeza, seja pela pansexualidade, seja pela jihad.

Aos meus irmãos em Cristo, diria ainda que não se iludam nem à direita, nem à esquerda. Eles parecem não se encontrar; aqui é preciso ter cuidado: assim como os ramos de uma hipérbole se encontram no infinito, essas tendências se encontram no inferno. Na verdade, foi o que essas coisas produziram até hoje e ainda hão de produzir. O Caminho tem uma porta estreitíssima, mas se abre diante de nós. NEle, é verdade, somos provados, provocados, perseguidos, apedrejados, mutilados, mas, acima de tudo, na fé, carregamos a certeza de um Amor que transcende todas essas misérias. Cabe, pois, profunda fidelidade a esse Amor que se derramou profusamente em nós. Por causa dele, as obras que se podem realizar são tantas: oração, jejum, apostolado, abaixo-assinados, participação na vida política, contribuições eloqüentes na arte, na ciência e na educação, um testemunho pessoal fiel e sério diante de Deus e dos homens.

Nestes tempos áridos e vazios, quão importante é lembrar disso! Só o homem visto para mais além é que se sustém na história e na eternidade.

Glória in excélsis

Eta, saudades da Igreja Nossa Senhora do Livramento, lá na cidade Arquiepiscopal de Maceió, nos tempos do então Pe. Henrique, hoje, bispo auxiliar de Aracaju. Quantas vezes, escutamos essa jaculatória angélica após a comunhão no Tempo do Natal:


Lembro com alegria desses tempos. Abraços a todos, no desejo de que continuem a louvar o Senhor em todo tempo, não obstante as provações, e de edificar seu povo para que O ame cada vez mais.

terça-feira, 14 de junho de 2011

De noite, mesmo de noite, sem cessar...

 (Comentário aqui).

Boa noite!

Catequese dos filhos

Mais uma noite de catequese. Nada como a catequese aos filhos no aconchego lar, à mesa, lembrando o gesto de Jesus. Sua maior catequese não foram mais as doutrinas do que Ele mesmo. Na catequese, é preciso lembrar sempre aos filhos que fomos feitos para, já sendo filhos e amados pelo Pai celeste, ser amigos de Deus. Acho que meu pequeno Davi começa a entender isso.

Foi dormir contente, com o sorriso cheio de esperança de uma criança que desperta para a eternidade... Quem dera voltássemos a esse sorriso, cada dia, cada noite.

Espero que este blog seja um canal de amizade com o Senhor, com o Senhor Jesus Cristo, especialmente no verso repetidamente cantado pelos irmãos da Comunidade de Taizé, no post imediatamente abaixo.

Uma boa noite e boa semana a todos!

Laudáte Dóminum

Para terminar a noite e amanhecer o dia, com o Senhor:




Jamais sem Ele...

Um abraço cordial ao caro leitor!!!

domingo, 5 de junho de 2011

Prece em busca da luz no meio da noite

Quantas vezes, no caminho, tantas coisas nos cansam e nos fazem desfalecer. Elas expõem nossas fraquezas, abrem nossas feridas, chocam nossa estreita inteligência, partem nosso coração. Às vezes, pensamos que um deus à nossa medida fosse mais agradável, que um cristo eleito por nossas conveniências, descoberto por nossa ciência, levado ao mundo por nossa tecnologia, do tamanho de nossa ética equivocada fosse mais interessante, pois não nos traria tanto problema...

Mas de que nos serviria ele? Talvez fosse a expressão de nosso próprio desespero, de nossa angústia existencial. Ao descobrirmos de que ele nada nos serviria, trocaríamos de deus. Talvez o fantasiássemos, o mascarássemos, fizéssemos um carnaval com ele, brindaríamos e depois choraríamos imensamente por causa de uma vida sem sentido. Nossa vida não passaria de um amargor terrível, uma brincadeira sem sentido. Depois descobriríamos que essa coisa de ter um deus seria irrelevante. Mas tu, Senhor, não te deixas mascarar. Tu nos mostras uma realidade dura. Tu nos revelas que nossa vida também foi entregue nas mãos dos homens. Afinal de contas, quem nunca se sentiu assim?

Tua santidade é massacrante, Senhor! Tua lógica, incompreensível. Mas tu nos encantaste. Fizeste retornar o brilho de nossos olhos, “fizeste resplandecer a alegria” em nós. E tudo isso, porque entraste em nossa vida. Fomos entregues nas mãos dos homens, tu também o foste. Não queríamos que fosse assim, mas foi, e tu foste junto. Não nos deixaste sozinhos, e a expressão máxima de tua companhia está no crucifixo. Teu silêncio fala ao nosso silêncio. Tu te fizeste refém com os reféns, rejeitado com os rejeitados, odiado com os odiados, acidentado com os acidentados.

Mas o que isso nos traz? Afinal de contas, morreremos. Seremos mais uma vez roubados. Até lá, quantas feridas não serão expostas? O que é viver, Senhor? De que adianta falar se é assim? De que adianta se questionar? De que adianta a arte, a ciência, a economia, a política, a religião? Como pode, Senhor? Tudo isso parece vã ilusão! Nessas horas, cai por terra nossa ciência, nossa tecnologia, nossa ética, nossa moral, nossa vida... Se não descobrirmos que viver é estar contigo, o que resta de nós senão só vãs ilusões? Se não descobrirmos que o fato de viver provém do fato de sermos amados, e tu nos amaste até o fim, dando-nos a prova decidida de teu amor eterno, de que nos vale nascer? Se estás conosco, Senhor, podemos viver! Se estais conosco, podemos reviver, mesmo na cruz, como São Dimas, o bom ladrão, aquelas suaves palavras que disseste: “hoje mesmo estarás comigo, no Paraíso!” Sim, Senhor, estamos dispostos a crer, a apostar que o Paraíso é estar contigo. Se não, estamos sozinhos, expostos a toda fatalidade, sujeitos às intempéries, às leis de causa e efeito, ao aumento de desordem no universo, à justiça injusta da desumana humanidade, à falsa e ilusória propaganda de que nosso futuro está garantido pelas nossas forças tão contraditórias. E sobre quanta ilusão, quanta areia movediça, foi construída a nossa vida!

“Desperta, minh’alma, desperta”! Desperta para esse amor. Se tu continuares adormecida, quando começarás a viver? Desperta para que a felicidade tome conta de teu coração, não obstante a rejeição, a fragilidade e a morte! Sim, Senhor, faz-me compreender que “teu amor chega aos céus, vai mais além do que as nuvens conseguem chegar”, que “teu amor vale mais do que a vida”, porque nele está nossa vida.

Por fim, peço-te, mostra-me teu rosto! Dá-me conhecer teu modo de ser. Sei que constantemente nos entregais essa dádiva, mas minha alma, qual poço sem fundo, ainda não compreendeu. Dá-me conhecer seu teu filho, à imagem de teu Filho, embora crucificado, sobrepujantemente amado. Só esse amor, maior que tudo, pode nos suster nesse mundo e no futuro, hoje e pelos séculos dos séculos. Amém!

Sempre convosco...

Dos escritos do Bem-aventurado John Henry Newman, presbítero

O regresso de Cristo a Seu Pai é ao mesmo tempo fonte de pesar, por ser sinônimo da Sua ausência, e fonte de alegria, por significar a Sua presença. Brotam da doutrina da Ressurreição e da Ascensão estes paradoxos cristãos, mencionados com frequência nas Escrituras, a saber, que nos afligimos sem por isso pararmos de rejubilar, como «nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2Cor 6,10).

Na verdade, é esta a nossa condição presente: perdemos a Cristo, e encontramo-Lo; não O vemos e, apesar disso, podemos discerni-Lo; estreitamos-Lhe os pés (Mt 28,9) e Ele diz-nos «Não Me detenhas» (Jo 20,17). Mas como? Acontece que, tendo perdido a percepção sensível e consciente da Sua pessoa, já não nos é possível vê-Lo, ouvi-Lo, falar-Lhe, segui-Lo de terra em terra; no entanto, usufruimos espiritual, imaterial, interior, mental e realmente da Sua visão e da Sua posse, uma posse envolvida por maior realidade e por maior presença do que alguma vez na vida tiveram os Apóstolos, precisamente por ser espiritual e invisível.

Todos nós sabemos que, neste mundo, quanto mais um objeto está perto de nós, tanto menos conseguimos dele aperceber-nos e compreendê-lo. Cristo veio até tão perto de nós, na Igreja, que não somos sequer capazes de O fixar com o olhar, ou até de O distinguir; apesar disso, Ele instala-Se em nós e assim toma posse da herança por Ele adquirida; não Se nos apresenta, e todavia atrai-nos a Si e faz de nós Seus correligionários. [...] Não O vemos sequer, mas no entanto, pela fé, sentimos a Sua presença porque Ele está ao mesmo tempo acima de nós e em nós. Por conseguinte, sentimos pesar, porque não temos consciência dessa presença, e ao mesmo tempo alegria, porque sabemos a Quem possuímos: «Sem O terdes visto, vós O amais; sem o ver ainda, credes n'Ele e vos alegrais com uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação das [vossas] almas» (1Pe 1,8-9).

Elevátis mánibus ferebátur in caelum et benedixit eis, Allelúia!

O Santo Padre, no seu II volume de Jesus de Nazaré comenta essa passagem de Lc 24, 50-51, relativa à hodierna Solenidade da Ascenção do Senhor, no epílogo da obra:

"Erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-se deles e elevava-se ao Céu". Jesus parte abençoando. Abneçoando, parte; e, na bênção permanece. As suas mãos continuam estendidas sobre este mundo. As mãos de Cristo que abençoam são como um teto que nos protege; mas, ao mesmo tempo, são um gesto de abertura que fende o mundo para que o Céu penetre nele e nele possa afirmar sua presença.

No gesto das ãos que abençoam, exprime-se a relação duradoura de Jesus com os seus discípulos, com o mundo. Ao partir, Ele eleva-nos acima de nós mesmos e abre o mundo a Deus. Por isso os discípulos puderam transbordar de alegria quando voltaram de Betânia para casa. 

Na fé, sabemos que Jesus, abençoando, tem as suas mãos estendidas sobre nós. Tal é a razão da alegria cristã.