domingo, 27 de novembro de 2011

As duas vindas de Cristo

Meus caros, entramos no Santo Tempo do Advento. Percebam como os Santos Padres falam da Vinda de Cristo. São dois momentos marcantes: seu primeiro Advento, em Belém, e o segundo, no Fim dos Tempos, quando será tudo em todos. As duas sustentam todas as mais ou menos discretas vindas, dia após dia, do Senhor a nós, para que aprendamos a conhecê-lO e a viver com Ele para sempre. Esta é a razão de ser de nossa vida. 

Pois bem, enviarei, na medida do possível, exemplos de textos dos Santos Padres que nos mostram essa dinâmica da Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Segue abaixo um trecho das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo, lido por toda a Igreja no dia de hoje. Boa leitura!


Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a primeira, mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a primeira revestiu um aspecto de sofrimento, mas a segunda manifestará a coroa da realeza divina.

Aliás, tudo o que concerne a nosso Senhor Jesus Cristo tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento: primeiro, ele nasceu de Deus, antes dos séculos; depois, nasceu da Virgem, na plenitude dos tempos. Dupla descida: uma, discreta como a chuva sobre a relva; outra, no esplendor, que se realizará no futuro.




Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.

Não nos detemos, portanto, somente na primeira vinda, mas esperamos ainda, ansiosamente, a segunda. E assim como dissemos na primeira: Bendito o que vem em 
nome do Senhor (Mt 21,9), aclamaremos de novo, no momento de sua segunda vinda, 
quando formos com os anjos ao seu encontro para adorá-lo: Bendito o que vem em nome do Senhor.

Virá o Salvador, não para ser novamente julgado, mas para chamar a juízo aqueles que se constituíram seus juízes. Ele, que ao ser julgado, guardara silêncio, lembrará as atrocidades dos malfeitores que o levaram ao suplício da cruz, e lhes dirá: Eis o que fizestes e calei-me (Sl 49,21).

Naquele tempo ele veio para realizar um desígnio de amor, ensinando aos homens com persuasão e doçura; mas, no fim dos tempos, queiram ou não, todos se verão obrigados a submeter-se à sua realeza.

O profeta Malaquias fala dessas duas vindas: Logo chegará ao seu templo o Senhor que tentais encontrar (Ml 3,1). Eis uma vinda.

E prossegue, a respeito da outra: E o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, 
quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; 
e estará a postos, como para fazer derreter e purificar (Ml 3,1-3).

Paulo também se refere a essas duas vindas quando escreve a Tito: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a 
impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando 
a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo (Tt 2,11-13). 
Vês como ele fala da primeira vinda, pela qual dá graças, e da segunda que esperamos?

Por isso, o símbolo da fé que professamos nos é agora transmitido, convidando-nos a crer naquele que subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, 
para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Nosso Senhor Jesus Cristo 
virá portanto dos céus, virá glorioso no fim do mundo, no último dia. Dar-se-á a consumação do mundo, e este mundo que foi criado será inteiramente renovado.


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