No decorrer deste ano sacerdotal, entre outras leituras e conferências, estou tendo a oportunidade de ler uma obra exemplar. Trata-se do livro "Do Seridó a Roma - Trajetória de um Jesuíta". A obra foi escrita por Everaldo Dinoá Medeiros (Ir. Tomé, Obl. OSB), que trata da recuperação da memoria de um de seus mais ilustres ancestrais, o Pe. Sebastião Constantino de Medeiros, que foi pároco em Caicó (RN), no decorrer do século XIX, quando aquela cidade ainda era pertencente à Diocese de Olinda, uma das mais antigas e importantes do Brasil.
Além do testemunho do zelo pastoral, sacramental, da obediência, do serviços prestados à Santa Igreja, inclusive quando a Sé de Olinda esteve vacante. No livro, estão diversos registros dessa atividade intrépida, envolta pelos costumes da família sertaneja onde foi criado, da sociedade da época e da Igreja no Brasil, sendo assim muito bem contextualizado.
Chama-nos muita atenção a coerência com que o autor procura preencher as lacunas de informações existentes na História do Brasil, com outras vindas de bibliotecas do exterior, especialmente de Roma.
Pontos altos do livro estão no que diz respeito à questão religiosa (separação Igreja-Estado) e o papel de D. Vital, bispo de Olinda. O autor nos aponta uma Igreja corajosa, capaz de, com toda a sensibilidade pastoral, desfazer aquilo que seus inimigos fazem, estando no meio dela, e, na hora de ser um testemunho corajoso diante de autoridades que desejam se sobrepôr ao Cristo, encontra bispos capazes de se pôr na "linha de tiro", para que a Igreja continue a ser o um lugar de glorificação de Deus e não dos homens. Bem que se poderia tirar da boca de D. Vital as palavras de São Pedro: "é preciso obedecer a Deus antes que aos homens".
Num tempo como o nosso, num dia como o de hoje, quando se encerram as reuniões da Assembléia Geral da CNBB, num ano sacerdotal, e especialmente, no Tempo Pascal, quando celebramos a fundação da Igreja de Cristo, o testemunho desses pastores nos aponta para a grandeza de nossos antepassados, o valor com que, aqui, em terras brasileiras, puderam plantar o Evangelho, e colhê-los no meio de um povo cheio de fé.
É verdade que os tempos são outros, os desafios são maiores, porém o Evangelho é o mesmo, Cristo é o mesmo, e o Espírito, aquele que dá a todos os tempos o poder do Senhor à Igreja, também é o mesmo. Se o desafio é maior, é para que Cristo seja engrandecido ainda mais. Em meio a todas as terríveis notícias que recebemos, lembrar de antepassados como Pe. Sebastião e D. Vital é uma glória e uma força motriz para que tenhamos uma cristandade que no Brasil encontre neles alento e força, sinais de que Deus nunca abandona sua Igreja.
Parabéns ao Everaldo pela belíssima obra. Esperamos que muitos frutos ainda venham dessa memória viva do Pe. Sebastião.
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