quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As duas cidades: Jesus chorou sobre uma delas

Eis o Evangelho de hoje (Lc 19,41-44):

Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
"Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos."
E continua...

A esse respeito um comentário de Santo Agostinho, tirado da obra "De civitas Dei" (Cidade de Deus) nos ajuda a meditar um pouco sobre o que construímos aqui, nesta vida:

Dois amores construíram duas cidades: o amor de si próprio até ao desprezo de Deus fez a cidade terrestre; o amor de Deus até ao desprezo de si próprio, a cidade celeste. Uma gloria-se a si própria; a outra ao Senhor. Uma procura a glória que vem dos homens (cf Jo 5,44); a outra coloca toda a sua glória em Deus, testemunha da sua consciência. Uma, inflada de vanglória, levanta a cabeça; a outra diz ao seu Deus: «És a minha glória e Quem me faz levantar a cabeça» (Sl 3,4). Numa, os príncipes são dominados pela paixão de dominar os seus súbditos ou as nações conquistadas; na outra, todos se fazem servidores do próximo na caridade, os chefes velando pelo bem dos subordinados e estes obedecendo àqueles. A primeira cidade, na pessoa dos poderosos, admira a sua força; a outra diz ao seu Deus:
«Amar-Te-ei Senhor, Tu que és a minha força».

Uma Cidade, a Jerusalém Celeste, alimentada pelo próprio Cristo, Verbo encarnado,  aqui na terra e é erguida por ELe aos céus.

É por isso que, na primeira cidade, os sábios levam uma vida totalmente humana, não procurando senão o bem dos corpos ou do espírito ou dos dois ao mesmo tempo: «Pois, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram nem Lhe deram graças, como a Deus é devido. Pelo contrário: tornaram-se vazios nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato; [...] veneraram as criaturas e prestaram-lhes culto, em vez de o fazerem ao Criador» (Rm 1,21-25). Na cidade de Deus, pelo contrário, toda a sabedoria do homem se encontra na piedade, pois somente ela presta ao Deus verdadeiro um culto legítimo e, na sociedade dos santos, tanto os anjos como os homens esperam como recompensa que «Deus seja tudo em todos» (1Cor 15,28).

A Torre de Babel, imagem da cidade puramente terrena, e seu destino, sem Deus, os homens estando dispersos e sujeita às leis do tempo e do espaço, por fim, à morte e à destruição.

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